quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

DUAS VÍTIMAS DO TOMÁS DAS QUINGOSTAS


                                                                 Por Joaquim A. Rocha





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     Ao Tomás das Quingostas, quando foi batizado na igreja de São Paio de Melgaço, a 17/8/1808, atribuíram-lhe o nome de Tomás de Aquino; nascera dois dias antes, a 15/8/1808. Era o quinto filho de José Codesso e de Maria Teresa de Castro. Aprendeu a ler e a escrever, o que era raro nesse tempo. Não nos esqueçamos que São Paio era uma freguesia do concelho de Melgaço, onde a agricultura predominava. Sem grandes exageros, até se pode afirmar que a sede do concelho também era rural. As escolas do ensino primário eram poucas, a monarquia - salvo raras excepções - nunca investiu muito no ensino. No início do século XIX Melgaço era composto apenas por oito freguesias: Chaviães, Cristoval, Paços, Prado, Remoães, Rouças, São Paio e Vila. Castro Laboreiro era concelho; as outras freguesias pertenciam ao concelho de Valadares. Foi neste pequeno espaço que o Tomás, quando cresceu, alterando o nome para Tomás Joaquim (vá-se lá saber porquê) organizou a sua quadrilha. Manuel José de Caldas foi roubado por ele várias vezes; deve ter respirado de alívio quando o bandido foi abatido pela tropa da rainha a 30/1/1839. O senhor Fontes tinha de o servir, e à sua malta, sempre que ele o exigia. // Quem quiser saber mais sobre o Tomás das Quingostas leia o meu artigo publicado no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Melgaço de 2008, com o título «Tomaz das Quingostas - 2.º aniversário do seu nascimento». // Seguem as micro biografias dos dois homens que sofreram com as canalhices do Tomás das Quingostas.         

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CALDAS, Manuel José. Filho de Manuel José de Caldas, lavrador e “cirurgião”, e de Rosa Álvares, lavradeira, residentes no lugar do Paranhão, freguesia de Penso. Nasceu em Penso, Melgaço, por volta de 1795. // Lavrador. // Era conhecido por “Cirurgião de Real”. // Segundo consta, foi uma das maiores vítimas do “Tomaz das Quingostas”. // Casou a 1/10/1855, em segundas núpcias, com Maria José Gomes de Sousa, de 20 anos de idade, filha de José Caetano Gomes de Sousa e de Vicência Rosa Ferreira, natural de Malhagrilos, Prado. // Morreu no lugar de Real, freguesia de São Paio de Melgaço, onde residia, a 26/2/1891, repentinamente, com 96 anos de idade, no estado de casado com a dita Maria José, sem testamento, e foi sepultado na igreja paroquial de São Paio. // Na segunda esposa gerou onze filhos. // Nota: foi pai aos 85 anos de idade. 




FONTES, Policarpo José. Filho de Joaquim Daniel de Fontes e de Inácia Joaquina Fernandes, proprietários, moradores no lugar do Cruzeiro. Neto paterno de Custódio de Fontes e de Francisca Dias, do lugar do Barral, Paderne; neto materno de Manuel Fernandes e de Antónia Gonçalves, da freguesia de Alvaredo. Nasceu em São Paio a 3/10/1802 e foi batizado dois dias depois. Padrinhos: Luís Manuel de Sousa, da Rua do Cais, Vila de Viana. // Proprietário e comerciante. Teve uma loja no Cruzeiro de São Paio, na qual teria sido capturado a 30/1/1839 o temível “Tomaz das Quingostas”. // Casou, só depois da morte do Tomás,  com Maria José, filha de Manuel Inácio da Costa Gomes Pinheiro e de Maria Angélica de Araújo Cunha. // A 22/2/1857 foi padrinho de Policarpo Besteiro, nascido em Alvaredo três dias antes; a madrinha era a sua esposa. // Morreu a 22/5/1891, na sua casa, sita no lugar do Cruzeiro, apenas com o sacramento da extrema-unção, devido ao seu cérebro estar afetado, no estado de viúvo, sem testamento, e foi sepultado na igreja paroquial. // Com geração. 




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